Liberdade
A bela palavra
A bela utopia
O belo caminho
Por ela, queremos ser presos
Por ela, queremos ser escravos
Por ela, queremos ser mandatos
Ela, como deuses, é a bela razão pela qual se comete as piores coisas
Para, no fim, se conseguir exatamente o oposto
Ela justifica
Ela é a ideia
Ela é a ideologia
Mas nunca pode ser real
Nunca deixaríamos ela sair da imaginação
Não viveríamos com ela materializada
O que precisamos é dela abstrata
Somos hipocondríacos que precisam da pílula de trigo para curar doenças falsas
Precisamos acreditar que ela é
A possibilidade de escolha
A sensação de segurança
A felicidade pelo acaso ou pelo destino
O acaso
E também no destino
A destruição pelo acaso
A criação pelo destino
Um fluxo ordinal hierárquico
Uma rede conectada aleatória
Boa
Má
Nossos genes
Nossa programação
Nossa cultura
Nossa escolha por caminhos certos ou errados
Certa
Errada
Ela é tudo isso
Não de verdade, mas precisa ser
Pelo menos para nós
Para evitar qualquer deslocamento
Para não enlouquecer
Essa abstração nos salva
Ela é a verdadeira salvação
Acreditar nela é essencial para a ordem
E também para o caos
Não é mais que céus e infernos melhorados
Sensação de que quem morre descansa
De que quem é mau vai ser punido
De quem é bom vai ser abençoado
Como ela é justa
E como justiça, cega
Como o amor
E por isso a amamos
Patologicamente
quarta-feira, 22 de abril de 2015
terça-feira, 21 de abril de 2015
Um corpo em repouso segue em repouso... ou não
Sou um legalista
Cumpro todas as leis de Newton
Não ando em lugares altos
Uso oxigênio para respirar
Bebo água para me hidratar
Faço exercícios
Como coisas saudáveis
Faço exercícios
Como pessoas saudáveis
Evito discussões, faço meditação
Medito, tenho uma vida normal
Que é plena
Já eu sou legista
Vendo órgãos no mercado negro
Sou necrófilo
Injeto drogas nos corpos
Sou mais frio que o IML
Acabo com suas reputações meigas quando vivas
Acabo com toda a carne que restou
Quando trabalho em lugares pacatos
Como manda a leis de oferta e procura
Eu produzo o material
Os cristãos
Os mendigos
Os pervertidos
A vítima
O predador
São meus exercícios
Como pessoas pouco sãs
Como pessoas saudáveis
Todos têm sua vida destruída depois da morte
Não faz sentido para eles, mas é minha meditação
Maldita, tenho uma vida anormal e imperfeita
Mas é plena
Cumpro todas as leis de Newton
Não ando em lugares altos
Uso oxigênio para respirar
Bebo água para me hidratar
Faço exercícios
Como coisas saudáveis
Faço exercícios
Como pessoas saudáveis
Evito discussões, faço meditação
Medito, tenho uma vida normal
Que é plena
Já eu sou legista
Vendo órgãos no mercado negro
Sou necrófilo
Injeto drogas nos corpos
Sou mais frio que o IML
Acabo com suas reputações meigas quando vivas
Acabo com toda a carne que restou
Quando trabalho em lugares pacatos
Como manda a leis de oferta e procura
Eu produzo o material
Os cristãos
Os mendigos
Os pervertidos
A vítima
O predador
São meus exercícios
Como pessoas pouco sãs
Como pessoas saudáveis
Todos têm sua vida destruída depois da morte
Não faz sentido para eles, mas é minha meditação
Maldita, tenho uma vida anormal e imperfeita
Mas é plena
sábado, 11 de abril de 2015
Retrato de um tratado
Todos eram perfeitos
Antes da invenção da perfeição
Tudo era belo
Antes da criação da feiura
Tudo existia
Antes da invenção do nada
Antes da invenção da perfeição
Tudo era belo
Antes da criação da feiura
Tudo existia
Antes da invenção do nada
O Rio
O devido tempo
Será cobrado
No rio parado
No mar seco
Na noite ensolarada
Na caverna aberta
Aposto no oposto
Para cobrar
do devido tempo
Que ele siga seu curso
como um rio
Para cobrar do mar a nascente
Para cobrar o que perdi
na aposta
Para receber o que ganhei
no oposto
Para trocar o que escolhi
No tempo
Devido
terça-feira, 7 de abril de 2015
A Sombra da Sobra
Arrancaram-se os ossos
A carne
Os olhos
Todas as vísceras
Queimaram tudo
Enterraram as cinzas na lama
Invocaram-se magias
Destroçaram-lhe o espírito
Sem inferno, céu ou purgatório
O Amontoado de plasmas sem rumo
Acabou sendo lacrado
Queimaram-lhe a casa
Os escritos
Mataram seus entes
Matou-se quem fez tudo isso
E quem matou quem havia matado
Mas no fim, havia sobrado
Apesar de tudo,
Sobrou
E seguiu assombrando.
A carne
Os olhos
Todas as vísceras
Queimaram tudo
Enterraram as cinzas na lama
Invocaram-se magias
Destroçaram-lhe o espírito
Sem inferno, céu ou purgatório
O Amontoado de plasmas sem rumo
Acabou sendo lacrado
Queimaram-lhe a casa
Os escritos
Mataram seus entes
Matou-se quem fez tudo isso
E quem matou quem havia matado
Mas no fim, havia sobrado
Apesar de tudo,
Sobrou
E seguiu assombrando.
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