terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O frio

Sou gelado
Aquela criatura repulsiva, que assusta a todos com seu ar frio
Quieto. Calado. Congelado.
Não teria sobrado um só sentimento?

Estaria eu já alcançado o zero absoluto?
As paredes de gelo em torno de mim, porém, não são inquebráveis.
Continuo sólido e frio à medida que fogem do gelo.

Mas posso derreter
Bastando um olhar caloroso

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O reino dos idiotas

Não conteste nada que lhe disserem, eles sempre estão certos
Na escola, saiba decorar cada palavra e repeti-la, e você passa. Se não for burro o suficiente pára fazer isso, que repete é você.
Depois, pense na sua carreira, algo que dê a você dinheiro para comprar coisas com as quais outras pessoas - cujas opiniões valem ouro - pensem que você é um deles, ou mais que uma categoria deles.
No emprego, repita tudo que foi te ensinado, faça exatamente como explicaram, não tente contestar as regras já existentes, não tente achar estranho você viver para trabalhar, ou a oposto, a ordem dos fatores não altera o resultado.

Pronto, você é feliz e está adaptado a essa sociedade, tem todos os seus preconceitos e os repete, tem todas as letras e sabe falar, tem todas as possibilidades e usa, sem criar outras.

Caso não seja assim, você é um louco. .

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Flexões

Eu finjo ser o que realmente sou
Doem as feridas no lugar onde está ferido
Eu roubo objetos que já me pertencem
Eu sigo minha sombra, flexiono meu reflexo
Eu não uso máscaras, mas sim sou a própria
Sou a inexistência fingindo existir
Vendo, do camarote do inferno ou do céu, um lugar

Em que a questão a ser discutida tem sido, durante milênios
Se a humanidade precisa ser salva
Ou se ela é a própria doença

E os reflexos diversos das sombras refletidas em minhas tantas máscaras
Fazem o mesmo tipo de pergunta
Eu estou no inferno
Ou o sou

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Resigno

Resigne-se, disse-me eu a mim mesmo
E assim foi
Lembrei dos beijos e abraços que darei na mulher que amo
Lembrei dos desenhos e histórias que farei
Lembrei dos livros que lerei
Dos que escreverei
Das músicas que ouvirei
Das conversas que terei
Sigo resignado, porém
O tempo passa
E continuo lembrando do futuro
Resignado
Até me tornar o que sou agora
Um resigno

Abrigo

O mundo
Talvez um dos seus lados
Ou um canto qualquer dele
Ou fora dele
Treme
De medo de tudo
Por isso
 Qualquer canto
Do universo
Da vida
Do mundo
Ou fora deles
Podem servir de abrigo
Contra o mundo
Ou um canto qualquer dele
Ou fora dele

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A parede

Uma parede de vidro
É o que nos separa
Não me contive ao tentar quebrá-la
Até descobrir que ela era de diamante
Como você é

Inquebrável
Eu, porém, vidro permaneço
Caio e me quebro
Diante de você

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A estrela Dalva

A luz que emana da estrela travessa paredes de chumbo
Não produz sombras
Mas sim, transforma-as em reflexos
Os reflexos se cruzam e formam uma tempestade
De luz
Alimentando as plantas
Criando vidas
A luz não cega
Mas sim, dá-nos uma visão mais clara
De quão simples a complexidade é