tag:blogger.com,1999:blog-91326521915580980802024-02-20T13:48:14.072-03:00FulguralGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.comBlogger147125tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-43357075664927230262016-06-07T13:30:00.000-03:002016-06-07T13:30:12.120-03:00O que não souSou o silêncio<br />
Sou, em torno dos movimentos, o ponto parado<br />
O ponto, porém, que não é encontrado<br />
A referência não achada<br />
Sou a sombra de um objeto na escuridão<br />
Sou o reflexo desse objeto num espelho inexistente<br />
Sou o pesadelo e sonho das pessoas acordadas<br />
Sou a ação das pessoas mortas<br />
<br />
Sou tudo aquilo que os olhos não veem<br />
Os ouvidos não ouvem<br />
<br />
Estou ao lado de tudo<br />
Porém, nunca no extremo<br />
Estou acima de tudo<br />
Nunca no ponto mais alto<br />
E abaixo de tudo<br />
Mas nunca no fundo<br />
<br />
Sou a luz no fim do túnel<br />
Onde não há túnel<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-60676333978737876802015-09-24T16:11:00.002-03:002015-09-24T16:11:35.341-03:00Outro diaA solidão no meio da madrugada é deprimente<br />
Tomo remédios para dormir mais não durmo<br />
<br />
Meus sonhos foram sendo destruídos um por um<br />
Minhas paixões desmistificadas e tornadas pó<br />
<br />
Meu espírito vaga como um zumbi<br />
Todo quebrado, em pedaços, arrastando-se<br />
<br />
O mundo<br />
Externamente está condenado<br />
Internamente julgado<br />
Culpado<br />
<br />
E eu ainda nem nasciGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-30432719241316116762015-09-18T08:29:00.000-03:002015-09-18T08:29:44.888-03:00O voo do caranguejo Da lama ao céu<br />
do céu a outras dimensões<br />
<br />
nem todas reais<br />
porém mais reais que a realidade a partir que as crio<br />
<br />
O caranguejo alado<br />
<br />
Que sobrevive a tudo<br />
<br />
Não morri afogado<br />
Não fui cozido<br />
Não fui pisoteado por Hércules<br />
Não fui uma das vítimas da chacina contra 19 pessoas<br />
Não morri na guerra<br />
e não morri em paz<br />
<br />
Flutuei para além do espaço-tempo<br />
Encontrei outros eus<br />
Todos distorcidos<br />
<br />
Mas nenhum mais do que eu mesmo<br />
<br />
Depois de muitas destruições<br />
Guerras psíquicas e físicas<br />
<br />
Saio do meio da lama<br />
Com vários corpos podres ao meu redor<br />
Alguns ainda estão vivos<br />
e imploram para morrer<br />
<br />
Vejo o fim do mundo<br />
<br />
E o fim do mundo dentro de mim<br />
Acontece<br />
<br />
Minhas asas não servem para voar<br />
Ou servem, mas nunca aprendi<br />
<br />
Mesmo assim o vento me leva<br />
Até depois do fim de tudo<br />
<br />
Até o nada<br />
<br />
sou decomposto<br />
mas durante a agonia de morrer lentamente<br />
<br />
Vejo alguém<br />
Suplico pela morte<br />
<br />
Mas tive azar<br />
Ele também tinha asasGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-47161603517797678342015-09-16T09:41:00.000-03:002015-09-16T09:41:04.120-03:00RedemoinhoVocê é um paradoxo<br />
Prestes a acontecer<br />
<br />
Gerando furacões
que espalham tudo<br />
Ao mesmo tempo em que atraem<br />
<br />
Seu suor esquenta e congela<br />
<br />
seu olhar faz voar e enterra<br />
<br />
Um instante vira um milênio<br />
E um milênio vira um instante<br />
<br />
E quando tudo pára<br />
Você voltaGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-21847961079202628632015-06-12T19:39:00.002-03:002015-06-12T19:39:31.874-03:00Olhar nubladoQuando há nuvens<br />
Acinzentando o céu<br />
<br />
O sol não morreu<br />
Ele segue imperial<br />
<br />
Mas naquele dia não, estava escondido<br />
<br />
E o dia estava cinza<br />
Não importava a realeza do sol naquele dia<br />
Pois as nuvens estavam lá também<br />
<br />
Foi assim quando eu te vi<br />
Seus olhos estavam prestando atenção em outra coisa<br />
<br />
Quando olhavam pra mim, era rápido<br />
<br />
Eu olhava para você mais rápido<br />
Porém, sempre repetia os milésimos de segundo<br />
<br />
Via-a através das nuvens<br />
Além da timidez, além da sua desatenção<br />
<br />
Todo aquele sol atrás de seus olhos<br />
Toda aquela implosão nuclear de sua alma<br />
Aquela luz, de seus olhos, ardendo meus olhos<br />
<br />
Mas era inevitável<br />
Eu fechava, me virava para não me cegar<br />
<br />
Mas voltava a te ver<br />
Por mais alguns milésimos<br />
<br />
Qualquer problema, sabia que podia contar com as nuvens<br />
E fingir que o dia estava nubladoGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-43538044270835498462015-06-02T17:12:00.000-03:002015-06-02T17:12:26.475-03:00Sob o sol, sob a sombra IISob o sol<br />
Sobre a sombra<br />
<br />
Sob a sombra<br />
Sobra a sol<br />
<br />
Sob a sobra<br />
Sobra a sombra<br />
<br />
Sobe à sombra<br />
Some o sol<br />
<br />
Sobe ao sol<br />
Some a sombra<br />
<br />
Some a sombra<br />
Sobra a noite<br />
<br />
Some o sol<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-40261895428978553142015-05-11T16:48:00.000-03:002015-05-11T16:48:09.259-03:00Banho de ventoVento<br />
Vem bater na minha porta<br />
<br />
Venha me banhar<br />
<br />
Sentir seu movimento<br />
<br />
Vento, me leve<br />
Para eu voar<br />
<br />
Como uma folha de outono<br />
<br />
Vire um furacão<br />
Vamos rodar<br />
<br />
Varrer tudo<br />
Limpar tudo<br />
<br />
Vente<br />
Vente mais<br />
<br />
Nada poupe<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-50017765302766555222015-05-10T13:22:00.000-03:002015-05-10T13:22:05.886-03:00Veneno estragadoSão feitas toneladas por dia<br />
Perfeitas<br />
<br />
Agrotóxicos, venenos para ratos, pesticidas<br />
Pílulas calmantes, cigarros, cocaína<br />
Cafeína, salsicha, água mineral<br />
<br />
Veneno dá lucro<br />
<br />
E sou os pior tipo de veneno<br />
<br />
O veneno estragado<br />
<br />
Nada mais defeituoso que algo feito para ser ruim não dar certo<br />
<br />
Na fábrica de venenos, os bons venenos estão em alta<br />
Quanto pior, melhor<br />
<br />
Ser um pote de veneno defeituoso faz eu ir<br />
Para o lixo<br />
<br />
Onde estou<br />
<br />
No lixo<br />
Da fábrica de venenos<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-29523658200870937462015-04-22T03:13:00.001-03:002015-04-22T03:13:04.850-03:00Plumas de asasLiberdade<br />
<br />
A bela palavra<br />
A bela utopia<br />
O belo caminho<br />
<br />
Por ela, queremos ser presos<br />
Por ela, queremos ser escravos<br />
Por ela, queremos ser mandatos<br />
<br />
Ela, como deuses, é a bela razão pela qual se comete as piores coisas<br />
Para, no fim, se conseguir exatamente o oposto<br />
<br />
Ela justifica<br />
Ela é a ideia<br />
Ela é a ideologia<br />
<br />
Mas nunca pode ser real<br />
<br />
Nunca deixaríamos ela sair da imaginação<br />
<br />
Não viveríamos com ela materializada<br />
O que precisamos é dela abstrata<br />
<br />
Somos hipocondríacos que precisam da pílula de trigo para curar doenças falsas<br />
<br />
Precisamos acreditar que ela é<br />
<br />
A possibilidade de escolha<br />
A sensação de segurança<br />
A felicidade pelo acaso ou pelo destino<br />
O acaso<br />
E também no destino<br />
A destruição pelo acaso<br />
A criação pelo destino<br />
Um fluxo ordinal hierárquico<br />
Uma rede conectada aleatória<br />
Boa<br />
Má<br />
Nossos genes<br />
Nossa programação<br />
Nossa cultura<br />
Nossa escolha por caminhos certos ou errados<br />
Certa<br />
Errada<br />
<br />
Ela é tudo isso<br />
<br />
Não de verdade, mas precisa ser<br />
<br />
Pelo menos para nós<br />
<br />
Para evitar qualquer deslocamento<br />
Para não enlouquecer<br />
<br />
Essa abstração nos salva<br />
Ela é a verdadeira salvação<br />
<br />
Acreditar nela é essencial para a ordem<br />
E também para o caos<br />
<br />
Não é mais que céus e infernos melhorados<br />
Sensação de que quem morre descansa<br />
De que quem é mau vai ser punido<br />
De quem é bom vai ser abençoado<br />
<br />
Como ela é justa<br />
E como justiça, cega<br />
Como o amor<br />
<br />
E por isso a amamos<br />
<br />
PatologicamenteGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-23446436347997534162015-04-21T19:08:00.003-03:002015-04-21T19:08:56.617-03:00Um corpo em repouso segue em repouso... ou nãoSou um legalista<br />
Cumpro todas as leis de Newton<br />
Não ando em lugares altos<br />
Uso oxigênio para respirar<br />
Bebo água para me hidratar<br />
<br />
Faço exercícios<br />
Como coisas saudáveis<br />
Faço exercícios<br />
Como pessoas saudáveis<br />
<br />
Evito discussões, faço meditação<br />
<br />
Medito, tenho uma vida normal<br />
<br />
Que é plena<br />
<br />
Já eu sou legista<br />
Vendo órgãos no mercado negro<br />
Sou necrófilo<br />
Injeto drogas nos corpos<br />
Sou mais frio que o IML<br />
<br />
Acabo com suas reputações meigas quando vivas<br />
Acabo com toda a carne que restou<br />
<br />
Quando trabalho em lugares pacatos<br />
Como manda a leis de oferta e procura<br />
Eu produzo o material<br />
<br />
Os cristãos<br />
Os mendigos<br />
Os pervertidos<br />
A vítima<br />
O predador<br />
<br />
São meus exercícios<br />
Como pessoas pouco sãs<br />
Como pessoas saudáveis<br />
<br />
Todos têm sua vida destruída depois da morte<br />
<br />
Não faz sentido para eles, mas é minha meditação<br />
<br />
Maldita, tenho uma vida anormal e imperfeita<br />
<br />
Mas é plenaGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-25831055123290419542015-04-11T22:28:00.000-03:002015-04-11T22:28:26.212-03:00Retrato de um tratadoTodos eram perfeitos<br />
Antes da invenção da perfeição<br />
<br />
Tudo era belo<br />
Antes da criação da feiura<br />
<br />
Tudo existia<br />
Antes da invenção do nadaGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-69423392741072712972015-04-11T22:26:00.002-03:002015-04-11T22:26:23.518-03:00O RioO devido tempo<div>
Será cobrado</div>
<div>
<br /></div>
<div>
No rio parado</div>
<div>
No mar seco</div>
<div>
Na noite ensolarada</div>
<div>
Na caverna aberta</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Aposto no oposto</div>
<div>
Para cobrar</div>
<div>
do devido tempo</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Que ele siga seu curso</div>
<div>
como um rio</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Para cobrar do mar a nascente </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Para cobrar o que perdi</div>
<div>
na aposta</div>
<div>
Para receber o que ganhei</div>
<div>
no oposto</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Para trocar o que escolhi </div>
<div>
No tempo</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Devido</div>
<div>
<br /></div>
Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-15771631241631944152015-04-07T18:25:00.001-03:002015-04-07T18:25:32.532-03:00A Sombra da SobraArrancaram-se os ossos<br />
A carne<br />
Os olhos<br />
Todas as vísceras<br />
<br />
Queimaram tudo<br />
Enterraram as cinzas na lama<br />
<br />
Invocaram-se magias<br />
Destroçaram-lhe o espírito<br />
Sem inferno, céu ou purgatório<br />
<br />
O Amontoado de plasmas sem rumo<br />
Acabou sendo lacrado<br />
<br />
Queimaram-lhe a casa<br />
Os escritos<br />
Mataram seus entes<br />
<br />
Matou-se quem fez tudo isso<br />
E quem matou quem havia matado<br />
<br />
Mas no fim, havia sobrado<br />
Apesar de tudo,<br />
Sobrou<br />
<br />
E seguiu assombrando.Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-36816199866232876412015-03-24T01:38:00.003-03:002015-03-24T01:39:29.805-03:00Poça de lama Isso<br />
Nunca começou<br />
Nunca terminou<br />
<br />
Nunca vai parar<br />
Vai seguir sua trajetória<br />
<br />
Não vai parar nunca<br />
Quando chegar o momento<br />
Vai voltar<br />
Mais uma vez<br />
<br />
E continuar<br />
Sem parar<br />
<br />
Sem algo que alcance<br />
Sem algo à frente que barre<br />
<br />
Sem parar<br />
<br />
Vai continuar<br />
Não de onde parou<br />
<br />
Porque nunca parou<br />
Nunca começou<br />
<br />
Sempre existiu e<br />
sempre vai existir<br />
<br />
E vai continuar<br />
<br />
sem parar<br />
<br />
nada vai impedir<br />
como nunca impediu<br />
<br />
Porque nada veio antes para tanto<br />
E nada vai existir depois<br />
<br />
Sempre houve e sempre haverá<br />
<br />
Antes de tudo e depois de nada<br />
<br />
Nunca paraGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-6882821188644521552015-03-24T01:27:00.001-03:002015-03-24T01:27:27.005-03:00O remorso do almoço infinitoO que você faz aqui?<br />
<br />
Aquele dia<br />
Aquilo que houve<br />
Foi coisa de momento<br />
<br />
O que você quer?<br />
<br />
Que eu peça perdão? Que eu me me responsabilize<br />
<br />
Que eu visite o fruto do que fiz com você?<br />
<br />
E você, veio fazer o que aqui? Deixei a porta trancada.<br />
<br />
Aquela hora<br />
Eu não tinha prestado atenção<br />
Bebi demais<br />
Nem sei seu nome<br />
Aconteceu de repente e quando acabou<br />
Eu fugi<br />
<br />
Você queria que eu mandasse flores?<br />
<br />
Você também? Por quê?<br />
Eu não tive escolha, era uma ou outra<br />
<br />
E você?<br />
Eu estava só fazendo o que me pediram.<br />
<br />
Por que estão aqui? O que vieram cobrar?<br />
<br />
Eu estou almoçando<br />
É um momento sagrado<br />
Não convidei ninguém<br />
<br />
Querem que eu me ajoelhe? Peça perdão?<br />
Isso não vai mudar nada, não vai voltar o tempo<br />
<br />
Querem que eu me arrependa. Não.<br />
Fiz e não me arrependo<br />
E ainda que assim fosse<br />
Que diferença faria?<br />
<br />
Eu não pedi para virem aqui<br />
Eu não quero vocês aqui<br />
<br />
Estou almoçando<br />
Podem respeitar esse momento?<br />
<br />
E voltar de onde vieram?<br />
Ninguém precisa saber<br />
E nem vai<br />
<br />
Quem vai acreditar?<br />
<br />
Não vão destruir minha vida<br />
Só por que vocês não mais a têm<br />
<br />
Seguirei jantando<br />
Fiquem assistindo<br />
<br />
Não sairei tão cedo daquiGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-4281651494408806072015-03-24T01:09:00.001-03:002015-03-24T01:10:07.003-03:00A pintaNão sei quem você é<br />
De onde é<br />
O que faz ou fez<br />
Ou deixou de fazer<br />
<br />
Não sei quem ama<br />
Quem odeia<br />
<br />
Não sei se me ama<br />
Se me odeia<br />
Se me ignora<br />
<br />
Não sei se sabe da minha existência<br />
<br />
Eu também não sei quase nada sobre você<br />
<br />
Só estou vendo<br />
a sua pinta<br />
perto da sua boca<br />
na sua bochecha<br />
<br />
Uma pinta com campo gravitacional<br />
De mil Júpiteres<br />
<br />
Eu não consigo<br />
Parar de olhar<br />
<br />
A sua pinta<br />
<br />
No seu rosto<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-44262615499265282392015-03-24T01:03:00.001-03:002015-03-24T01:03:29.389-03:00Fogo é amorO fogo preto<br />
Saindo dos túmulos<br />
Com fumaças azuladas<br />
<br />
A fumaça branca de um fogo cinza<br />
<br />
Fogo prateado<br />
Fogo dourado<br />
Fogo bronzeado<br />
Fogo da brasa<br />
<br />
Fogo vermelho<br />
Jorrando como sangue<br />
Explodindo<br />
<br />
Expelido chorume amarelo<br />
Com uma espessura verde<br />
<br />
O fogo roxo<br />
Com cheiro rosa<br />
Que atrai e envenena<br />
<br />
O fogo transparente<br />
Matando lentamente<br />
fazendo o corpo doente<br />
mostrar o que sente<br />
<br />
Fogo marrom<br />
aterrando tudo<br />
Com gosto de terra de cemitério<br />
<br />
O fogo do esqueiro<br />
Deixando o pulmão preto<br />
Expelir a fumaça branca<br />
<br />
O fogo corrói tudo<br />
Derrete<br />
Carboniza<br />
Mata e reinventa<br />
Transforma branco em preto<br />
E preto em branco<br />
<br />
Faz experiências bizarras<br />
Dentro de nós<br />
<br />
O fogo que não se apaga nunca<br />
Que nunca morreu<br />
Nem morrerá<br />
<br />
Uma chama eterna<br />
Um brilho sem fim<br />
Destruindo tudo<br />
<br />
Para que tudo se reinicie<br />
<br />
A redenção é pelo fogo<br />
<br />
Por isso vamos todos queimar<br />
Vamos cair na lava e<br />
Sermos fritos<br />
Cozidos<br />
Assados<br />
Defumados<br />
Ainda vivos<br />
<br />
Vamos arder<br />
Vamos à dor<br />
<br />
Fogo é amorGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-9378939117734817002015-03-20T09:46:00.001-03:002015-03-20T09:47:57.300-03:00As saídas do cemitérioDo céu e para o inferno<br />
<br />
De um calor corrosivo do centro da terra<br />
Para o calor do sol<br />
<br />
Da cegueira intensa da escuridão<br />
Para a cegueira intensa da luz solar<br />
<br />
Das torturas e ressentimentos<br />
Para as inquisições morais<br />
<br />
Do tridente, rabo e chifres<br />
Para o cajado, a barba e a onipresença<br />
<br />
O poder de vida e morte<br />
O poder sobre tudo<br />
<br />
Entre deuses e demônios<br />
<br />
Fico apenas vagando num cemitério gelado, com seu frescor pálido<br />
Com seus ventos fúnebres<br />
<br />
A escolha é difícil no purgatório<br />
<br />
Ninguém por aqui quer ser eternamente torturado no inferno<br />
Nem no céu, no qual qualquer erro te leva direto para longe<br />
<br />
Como não somos plenamente bons, nem conseguiremos, não temos céus<br />
Como não somos plenamente maus, nem conseguiremos, não teremos inferno<br />
<br />
Cabe a cova, nosso lugar<br />
Desistimos de procurar um destino<br />
<br />
E descansamos<br />
<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-73820551162166031182015-03-18T05:22:00.002-03:002015-03-18T05:22:42.317-03:00Dentro da terraNo meio do mangue<br />
Dentro da terra<br />
Escondido nas cavernas<br />
<br />
Enraizado<br />
Atolado<br />
Empoeirado<br />
<br />
Cavo cada vez mais<br />
Passo pelo futuro e pelo passado<br />
Ramifico o tempo<br />
Com raízes que sugam lembranças<br />
Lambanças<br />
<br />
De tempos<br />
<br />
Achados<br />
E perdidos<br />
E pedidos<br />
E esquecidos<br />
<br />
Num vendaval cronológico<br />
Tudo vai embora<br />
<br />
Mas sigo na oca<br />
Criando mais raízes<br />
<br />
Os ventos de Cronos<br />
Seguirão sua trajetória<br />
Até outras dimensões<br />
Com as lembranças<br />
<br />
Mas eu fico aqui<br />
Segurado em minhas raízes<br />
Segurando em galhos com minhas prezas<br />
<br />
Depois do vendaval, hora de criar de novo<br />
Uma nova casa<br />
Com novas lembranças e expectativas<br />
Novos passados e futurosGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-57890509605566238352015-02-05T11:37:00.002-02:002015-02-05T11:39:31.400-02:00O som do sinoO sino me dá sono, sua corda me acorda<br />
O sono me dá sina, meu despertar me desespera<br />
Meu desespero me dá sono, o sono me dá sonhos<br />
<br />
Os sonhos me dão você, você me dá sina<br />
A sina me faz cenas, as cenas me dão um sinal<br />
O sinal é um som<br />
O som do sino<br />
<br />
Que me dá sono, mas está sendo balançado<br />
Pela corda, que me acorda<br />
<br />
É outro dia<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-69617963094086834362015-01-08T11:19:00.004-02:002015-01-08T11:19:59.182-02:00Continuando a regredir, voltando a continuarNos meus sonhos, pesadelos,<br />
Nos delírios, no realismo<br />
<br />
Quase morto, quase vivo<br />
Totalmente morto ou totalmente vivo<br />
<br />
Na divisa<br />
<br />
Por todos esses caminhos se procura alguma razão por que permanecer vivo<br />
Por que, afinal, seguir no plano material, e não optar pela desintegração<br />
Por que virar um espírito depois da morte,<br />
e não apenas deixar de existir completamente<br />
<br />
São alternativas que imaginamos ter<br />
Tanto nos sonhos como nos pesadelos<br />
Tanto nos delírios como no realismo<br />
<br />
Mas não temos<br />
O fim será um só, sem chance de erro<br />
Sem margem para dúvidas<br />
<br />
Mas até lá, fica a questão<br />
E antes dela, por que seguir<br />
Continuar, quaisquer que sejam as alternativas que imaginamos possíveis<br />
<br />
Posso estar errado quanto ao que decidi, decido e venha a decidir<br />
Mas quem garante que eu esteja errado, no fim de tudo?<br />
<br />
Quem nos julgará quando até mesmo esta espécie<br />
deixar de existir?<br />
E depois o planeta,<br />
O sol, e todo o sistema solar?<br />
<br />
Haverá juízes em determinada ocasião?<br />
E advogados, haverá? Um de defesa, um promotor, testemunhas...<br />
<br />
E a pena seria qual? De morte, de vida?<br />
Ou algo tão terrível que fuja desse conceito<br />
sobre o qual talvez sequer exista alguma palavra para descrevê-lo?<br />
<br />
Por ora, só caminho<br />
Aqui onde conheço bemGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-91655286814304370582014-12-24T06:30:00.001-02:002014-12-24T17:29:11.934-02:00Magnetização Vejo você<br />
Te ouço<br />
Todos os meus sentidos sentem você<br />
<br />
Uma atração impossível de parar<br />
Tão forte quanto o magnetismo<br />
Somos opostos, por isso não consigo parar de ser atraído<br />
<br />
Eu me atraio<br />
Me atraio<br />
Me traio<br />
<br />
Tropeço<br />
Peço<br />
Por mais movimentos<br />
<br />
Seguirei sendo atraído por você<br />
Como uma barra de cobre que não consegue se cobrir do seu alto grau de eletricidade<br />
<br />
Que eu chegue até você<br />
E seja feliz sendo eletrocutado<br />
Todas as minhas veias sentindo<br />
Sua voltagem vindo<br />
Voltando<br />
Indo<br />
<br />
Seguindo sua trajetória indomável<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-38436091075319640762014-12-24T06:04:00.002-02:002014-12-24T06:15:44.520-02:00Ostentação da invejaSim, senti orgulho da inveja que atraíres<br />
Permanecei os privilegiados de causar um sentimento tão repugnante<br />
Considerai mesmo todas críticas fruto dela<br />
Agradecei o vosso voo, disparado pelo ódio e derrota dos que vos odeiam<br />
Colecionai inimigos: são vossos troféus<br />
Empalhados na vossa parede da vitória<br />
<br />
Dai beijos em vossos próprios ombros<br />
Não tentes defeito, nunca penseis isso<br />
Qualquer crítica é fruto do vosso sucesso inquestionável<br />
Vossa qualidade que causa tanto ódio, rancor, destruição dos inimigos e inveja<br />
Senti orgulho disso<br />
<br />
Vencedores<br />
Quem são os outros para vos criticarem?<br />
Para questionar vossa óbvia superioridade<br />
Só podem ser perdedores<br />
<br />
Perdedores<br />
Que vivam para vos ver crescer<br />
Que se mutilem por isso, cada gota de sangue deles e um litro do vosso sucesso<br />
Que vos odeiem<br />
Cada novo ódio que conquista é mais importante que qualquer novo amor<br />
<br />
Vida longa à inveja e ao ódio<br />
Que continuem trazendo só alegria a todos<br />
<br />
Feliz ano novo.<br />
<br />
<br />
<br />Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-75589126561606311122014-08-28T02:37:00.000-03:002014-08-28T02:37:04.808-03:00No parque do InfernoDuas crianças estavam se banhando num rio de sangue quente, numa vila do Inferno<br />
Elas se esbaldavam<br />
<br />
Na vila, havia todo tipo de gente ruim<br />
E naquela semana havia um demônio para fazer inspeções<br />
Para saber se as penas estavam sendo cumpridas<br />
<br />
Longe dali, havia o Centro do Inferno<br />
Onde as decisões são tomadas<br />
Chegou aos ouvidos de Lúcifer uma denúncia preocupante:<br />
O Inferno, onde todos deviam sofrer eternamente em torturas e pagar pelos seus crimes<br />
Estava tendo seus princípios violados<br />
Afinal, seria um paradoxo qualquer prazer dentro dali<br />
Por isso mandou o tal demônio inspetor àquela pequena vila<br />
<br />
Ao chegar lá e ver as crianças se divertindo no rio, nadando, brincando, logo chamou suas atenções<br />
<br />
-Crianças malditas, por que estão felizes, isso é proibido aqui! Voltem a sentir nojo do sangue, das carnes podres, voltem a sentir dor de queimadura<br />
<br />
E as crianças responderam:<br />
<br />
- Nós viemos parar aqui porque não obedecemos essas mesmas regras quando vivos. Fomos mortos com base nas mesmas regras, que nos amaçavam ter como punição vir ao Inferno<br />
<br />
- Eu sei, mas é para sofrer, parem de achar graça, de se divertir<br />
<br />
- Mas por que somos obrigados a sofrer? Por acaso estamos fugindo das sessões de tortura? Estamos faltando às aulas de espancamento? Ferimos alguma regra do Inferno?<br />
<br />
O demônio pensou, e, então, voltou<br />
<br />
No seu caminho, havia muita gente que ele, particularmente, achava chata<br />
<br />
Gente que pegava nele, dizendo que fez o que fez por acreditar que é certo, que estava arrependido, que não merecia ficar sofrendo no Inferno.<br />
<br />
- Sai daqui!, gritava, chutava-os, espancava-os, com muita raiva<br />
<br />
Quando voltou ao Palácio, o demônio inspetor disse ao seus superior:<br />
<br />
- Majestade, não havia nenhuma lesão às regras do Inferno.<br />
<br />
- Mas havia crianças felizes no rio de sangue<br />
<br />
- Sim, mas elas estavam junto com outras pessoas, que me suplicavam para sair dali, diziam que não mereciam estar no Inferno, que não sabiam que erraram, ou que estavam arrependidas. Aquela chatice de sempre. Elas nem sabiam que, na prática, podem sair do rio, ou do inferno, mas continuam achando que não merecem sofrer, que nunca voltarão a fazer nada de errado. Por isso continuam lá. Estão presas.<br />
<br />
- E as crianças?<br />
<br />
- Os que as executou estão no rio também, lamentando. Elas não. Não estão arrependidas nem acham que não mereciam estar aqui. Devo puni-las?<br />
<br />
- Não, mas acho que quem está as denunciando para nós é um dos executores. Parece que ele já está sendo muito punido. Além de estar no Inferno, acha que não merece estar aqui e tem inveja dos pecadores que mandou executar. Não há o que eu possa fazer para punir essa pessoa. Quando ela veio aqui pedir a inspeção, senti algo próximo do que os humanos chamam de nojo. Ela já está mal o suficiente.Gabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9132652191558098080.post-46345060547077096852014-02-26T09:18:00.004-03:002014-02-26T09:18:54.043-03:00IlusãoA ilusão é uma realidadeGabriel Broedel Tatagibahttp://www.blogger.com/profile/12093163121605941496noreply@blogger.com0