Da lama ao céu
do céu a outras dimensões
nem todas reais
porém mais reais que a realidade a partir que as crio
O caranguejo alado
Que sobrevive a tudo
Não morri afogado
Não fui cozido
Não fui pisoteado por Hércules
Não fui uma das vítimas da chacina contra 19 pessoas
Não morri na guerra
e não morri em paz
Flutuei para além do espaço-tempo
Encontrei outros eus
Todos distorcidos
Mas nenhum mais do que eu mesmo
Depois de muitas destruições
Guerras psíquicas e físicas
Saio do meio da lama
Com vários corpos podres ao meu redor
Alguns ainda estão vivos
e imploram para morrer
Vejo o fim do mundo
E o fim do mundo dentro de mim
Acontece
Minhas asas não servem para voar
Ou servem, mas nunca aprendi
Mesmo assim o vento me leva
Até depois do fim de tudo
Até o nada
sou decomposto
mas durante a agonia de morrer lentamente
Vejo alguém
Suplico pela morte
Mas tive azar
Ele também tinha asas
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