sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O voo do caranguejo

Da lama ao céu
do céu a outras dimensões

nem todas reais
porém mais reais que a realidade a partir que as crio

O caranguejo alado

Que sobrevive a tudo

Não morri afogado
Não fui cozido
Não fui pisoteado por Hércules
Não fui uma das vítimas da chacina contra 19 pessoas
Não morri na guerra
e não morri em paz

Flutuei para além do espaço-tempo
Encontrei outros eus
Todos distorcidos

Mas nenhum mais do que eu mesmo

Depois de muitas destruições
Guerras psíquicas e físicas

Saio do meio da lama
Com vários corpos podres ao meu redor
Alguns ainda estão vivos
e imploram para morrer

Vejo o fim do mundo

E o fim do mundo dentro de mim
Acontece

Minhas asas não servem para voar
Ou servem, mas nunca aprendi

Mesmo assim o vento me leva
Até depois do fim de tudo

Até o nada

sou decomposto
mas durante a agonia de morrer lentamente

Vejo alguém
Suplico pela morte

Mas tive azar
Ele também tinha asas

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